Notícia publicada em: 04.04.2011

A auto-suficiência na produção brasileira de hemoderivados foi um dos assuntos que constaram da pauta da segunda assembleia do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) de 2011, realizada no último dia 23 de março, no auditório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília. O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, declarou, durante o encontro, que a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) é o braço operador do MS para atingir a autonomia na produção destes medicamentos e que, por isso, precisa do apoio do ministério e dos secretários estaduais e municipais de Saúde. Atualmente, 16 mil portadores de coagulopatias (doenças do sangue) no País são tratados com hemoderivados fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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“A Hemobrás está completamente afinada com a política nacional do sangue e é muito importante que suas atividades tenham uma parceria especial com os estados”, ressaltou o secretário, que também é integrante do Conselho de Administração da empresa, informando que os secretários estaduais de Saúde podem colaborar com a estatal melhorando a quantidade e a qualidade do plasma coletado nos hemocentros públicos. O plasma, que é um dos componentes do sangue, é a matéria prima para a produção dos hemoderivados e a Hemobrás precisa dele para fabricar esses medicamentos em sua planta industrial, que está em construção em Goiana, município de Pernambuco. A fábrica tem previsão para ser inaugurada em 2014, com foco na produção dos seis principais tipos de hemoderivados consumidos no mundo: albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de von Willebrand.
O presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho, fez um resumo sobre os últimos resultados da estatal e destacou a importância da presença do Conass no Conselho de Administração da Hemobrás como forma de contribuir diretamente na gestão deste projeto, fundamental para que o País tenha o êxito desejado na produção dos hemoderivados. “É essencial um enfrentamento coletivo para a questão do plasma destinado à fábrica da Hemobrás. Hoje, a captação do plasma industrial chega a 80 mil litros por ano. Para a produção de hemoderivados, serão necessários pelo menos 300 mil litros por ano. Precisamos continuar avançando nessa ideia, através desse diálogo, buscando construir, de forma articulada, uma política que nos fará vencer este desafio”, pontuou Maciel Filho. O diretor técnico da Hemobrás, Luiz Amorim, detalhou para os secretários o cenário dos hemoderivados no mundo, seu valor comercial e a importância estratégica de produzi-los no Brasil.
[FOTO3-]O coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados, Guilherme Genovez, aproveitou o encontro com os gestores estaduais de Saúde para apresentar um panorama da rede de hemoterapia brasileira. Atualmente, existem 29 hemocentros coordenadores em todo o País que oferecem plasma para a produção de hemoderivados – hoje realizada na França e a partir de 2014 na Hemobrás em Pernambuco. Ele asseverou aos gestores que é preciso melhorar a qualidade do armazenamento do plasma coletado para que este insumo não seja descartado devido à falta de condições de ser transformado em medicamento. Atualmente, a Coordenação e a Hemobrás desenvolvem atividades permanentes de qualificação dos hemocentros, com capacitação técnica e gerencial dos profissionais de saúde e com fornecimento de equipamentos para acondicionar o insumo essencial à produção dos hemoderivados.